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Artigo | Percepções a respeito do tempo - materialidade e subjetividade

Por: LÊ NOTÍCIAS
02/03/2022 16:41 - Atualizado em 02/03/2022 16:44
Divulgação

Por Letícia Kistner*

Em lugar nenhum existe uma lei que regule o tempo. Ele transcorre eternamente e sem interrupções, numa sequência de instantes que são percebidos de formas diversas de acordo com o grau de ansiedade gerado pela necessidade da espera ou pelo prazo determinado para o cumprimento de uma obrigação, de um compromisso. Da forma como o medimos e contamos, o tempo não significa exatamente uma subjetividade, mas uma convenção, e seria necessária outra eternidade para definirmos a eternidade contida em apenas um segundo.

Da forma como o compreendemos no dia a dia, o tempo carrega um sentido material; e, de forma presunçosa, o tentamos controlar de modo que suporte todos os compromissos que assumimos sem que ele próprio nos autorize previamente a fazê-lo. Por ser assim, soberano, muitas vezes o tempo se esvai por entre nossos dedos, alheio às anotações das agendas ou aos nossos pretensos encontros, dissolvendo-se entre uma e outra batida do coração e reconstruindo-se imediatamente para um novo pulsar.

Porém, se usarmos um pouco do tempo que nos está sendo concedido agora – apenas alguns minutos – para fazermos algumas ilações, podemos concluir que a eternidade está contida até mesmo no instante em que o espermatozoide penetra o óvulo.

A expressão francesa “la petite mort” refere-se aos instantes posteriores ao orgasmo, quando ocorre um enfraquecimento da consciência e se tem a sensação de morrer, “ir ao céu” e experimentar suas santas delícias, para em seguida retornar à vida e ao mundo.

Mas aqui, no espaço em que vivemos, este ser imaterial, o Tempo, se materializa nos relógios, agendas e calendários que marcam efemérides, compromissos e as fases da velha lua, que se repetem sistematicamente. Também é sentido nas rugas que imprime em nossas peles e visualizado na erosão que a chuva e o vento provocam na escarpada encosta da montanha. Neste mundo material e pragmático, o tempo pode ser marcado pelo boleto bancário – que tem prazo para pagamento. Mas neste caso a subjetividade do tempo atuará para tranquilizar ou afligir: ele passará sem que o percebamos se houver dinheiro para honrar o compromisso, mas será cruelmente veloz se não houver recurso para tal.

Diante da eternidade, talvez nem mesmo o tempo exista, pois para que se tenha uma medida de tempo é preciso que exista um espaço, uma distância a ser percorrida, um prazo, um limite. Disse o poeta: “e quando eu tiver saído // para fora do teu círculo // não serei, nem terás sido // tempo, tempo, tempo, tempo...”

Assim, mais importante que discutirmos o que é o tempo é saber o que havemos de fazer dele. Neste instante e, talvez, no próximo.

* psicóloga - CRP 12/16871


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